And now, for something completely different...!

Não, não são os Monty Python...nem algo completamente nonsense. São sim os eslovenos Devil Doll.


Estes eslovenos formados em 1987 lançaram em toda a sua carreira seis álbuns - sendo que o último data de 1996. Infelizmente ainda só consegui ouvir um álbum na íntegra, Sacrilegium (1996), quer por falta de abertura, quer até por falta de lucidez. É que os álbuns desta banda são tudo menos acessíveis e fáceis de ouvir.
Sob a majestosa batuta de Mr Doctor e as suas 1000 vozes, os Devil Doll (Francesco Carta - piano, Sasha Olenjuk - violino, Roman Ratej - bateria, Bor Zuljan - guitarra, Jani Hace - baixo, Davor Klaric - teclados e Michel Fantini Jesurum - órgão de tubos completam a banda) concebem uma música operática, com uma composição e uma temática baseadas no horror, no fantástico e no terror - "Dr Jekyll and Mister Hyde" e obras de Antoin Artaud são influências recorrentes. O grafismo das capas apela facilmente ao enigmático, ao fantástico e ao onírico. A disposição das músicas em CD, não é comum: as faixas não estão distribuídas, existindo antes uma faixa única - Sacrilegium tem cerca de 59 minutos de música belíssima. Apesar de ser uma banda numerosa, a sua música não é ridícula nem perde o sentido, pelo contrário: cada um faz apenas o que deve e quando deve, pelo que não se perdem em passeios sem qualquer destino. E ao contrário de um disco tradicional, não temos um clímax, mas sim vários e inteligentemente distribuídos ao longo da faixa. O universo dos Devil Doll parece não parar de se expandir.



De resto, é sabido que Mr Doctor (ou Mario Panciera) é um ávido consumidor de filmes de terror e adepto deste tipo de temáticas, tendo já escrito uma biografia do compositor Bernard Herrmann.
Infelizmente, desde 1996 que os Devil Doll não lançam qualquer registo (apesar da petição feita pelos fãs em 2002). No entanto, a sua música tem um quê de intemporal, a criatividade é incrível (são mais expressivos que os belgas Univers Zero), consegue fazer-nos sonhar e viajar de olhos bem abertos. É música no seu estado mais puro.
Ah, e se ouvido a horas tardias, às escuras e com o som bem alto, também é capaz de nos assustar.

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