ThanatoSchizo - Zoom Code

Antes de falar de Zoom Code, quero dar os meus parabéns aos ThanatoSchizo por dez anos de contributo musical intenso, inovador, criativo e por continuar a motivar os fãs e fazê-los esperar ansiosamente pelo inesperado.

Falando agora de Zoom Code: bem, que álbum que álbum que álbum. Tenho que confessar que as minhas expectativas eram bastante altas para este álbum e não saí nada defraudado. Aliás, há já algum tempo que um álbum não correspondia tão directamente às minhas expectativas.


Zoom Code é um álbum mais directo que os seus antecessores, talvez principalmente porque a banda não se "perde" em devaneios tão longos - e por vezes desnecessários - de álbuns anteriores. Mas o sexteto tem a lição muito bem estudada até ao mais ínfimo pormenor e detalhe. ATENÇÃO, este é um álbum para ouvir com phones, tal é a quantidade de pormenorzinhos e detalhes que não se detectam a "ouvido desarmado". Na verdade, os TSO soam agora melhor do que já alguma vez soaram. É possível ouvirem-se algumas influências de Orphaned Land ou até Disillusion, mas os TSO soam a si mesmos, têm uma identidade e uma sonoridade. Patrícia Rodrigues tem uma presença pujante e poderosa; Eduardo não soa deslocado como por me vezes me soara; Paulo Adelino é consistente e presente mais que nunca; Miguel Ângelo tem um je ne sais quois daquele baixo progressivo muito usado por King Crimson e afins dos anos 70 (just love it); Filipe Miguel tem um papel um pouco ingrato, porque pertencem a ele aqueles pormenores deliciosos apenas detectáveis com os auscultadores; Guilhermino Martins mostra-se exímio, arrojado e inventivo. Toda a banda é consistente e clara como a água.



L, a faixa disponibilizada previamente no MySpace da banda, é apenas um aperitivo para todo um festim de diversidades apresentado em Zoom Code - que não cai no ridículo ou no desespero de soar bem. Isto confirma-se logo em Hereafter Path, com a inclusão de uma concertina tocada em tom e ritmo popular por António Pereira; Zweiss faz um interlúdio electrónico em The Shift, que não corta o ambiente, mas antes faz-nos respirar e aguardar com expectativa o que falta percorrer em Zoom Code; L traz-nos um violino diabólico e inflamado tocado com mestria por Timb Harris; Awareness mostra bem a veia criativa da banda, bem como a sua alargada panóplia de influências extra-metal. Pale Blue Perishes, Pervasive Healing e Nothing As It Seem são odes ao Death-Metal mais melódico e progressivo, mas sem cair no marasmo de tantos outros.

Zoom Code é o melhor álbum dos ThanatoSchizo, a nível técnico, de produção (parabéns Paulo Barros), criatividade, consistência e com muita ambição. E ambição é algo que os TSO têm bastante. E com todo o direito, pois eles merecem. Falta-lhes talvez um maior reconhecimento internacional e até nacional - no que aos círculos mais massificados diz respeito. E será certamente com Zoom Code que o vão conseguir.

No que toca a mim, os ThanatoSchizo já escreveram parte da história da música em Portugal. 10 anos a inovar, a descobrir e a fazer esperar o inesperado.

0 Response to "ThanatoSchizo - Zoom Code"